segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Chamem a polícia!

Confesso que me passou um bocado ao lado o mais recente 'derby' lisboeta. Não por qualquer menosprezo de portista orgulhoso, mas porque uma pessoa de 80 cm, 14 kg e 1 ano de idade me mereceu mais atenção. Ele também faz por isso e eu gosto. Tanto assim foi, que apenas domingo me apercebi de  um suposto incêndio nas bancadas do estádio da luz. Vi e revi as imagens e verifiquei que assim era. Enormes labaredas brotavam das últimas filas de uma das bancadas. Reparei no entanto, e mais aliviado, que todas as 'galinhas' já se tinham ido embora e portanto os danos eram só no 'galinheiro'. Felizmente ainda havia luz para os bombeiros.
Só no dia de hoje vi a conferência de imprensa dada após o jogo pelo João Gabriel, e corrijam-me se estiver errado,  que é director de comunicação do SLB... O meu espanto foi total, pois o verdadeiro 'incendiário' estava ali à vista de todos, sobretudo após a referência de muito mau gosto ao fosso de alvalade.
Quando julgava que tudo estava mais ou menos 'apagado', aparece Godinho Lopes com mais um caso no túnel da luz e no acesso aos balneários. Desta vez as acusações pendem sobre Vieira. O túnel... pois!
Pinto da Costa terá insultado e um segurança terá agredido um jornalista da TVI após o jogo do FCPorto com o Braga. Não me revejo em nenhumas das situações aqui apontadas, mas se o jornalista foi o mesmo que relatou o jogo, tenho uma confissão a fazer, fartei-me de o insultar, tal a parcialidade, tanto azedume (suponho que o resultado não lhe agradava) e falta de profissionalismo.
Casos de polícia...?


quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Por falar em Constituição

Estava a ver as imagens da manifestação em frente à Assembleia da República quando fui surpreendido por uma 'indignada' que frequenta o ensino secundário. E logo tentei perceber as razões que poderiam levar a miúda a mostrar-se tão indignada. Provavelmente se lhe perguntassem não saberia indicar nenhuma. Mas a sua boa vontade ilustra bem a confusão que grassa por aí. Faz-me lembrar a manifestação que houve na minha altura do secundário, feita pelos colegas mais velhos contra a defunta PGA. Eu também me juntei a eles, mas não sabia porquê. A inocência ou a ânsia de querer participar não pode, nem deve, ser levada a mal. O que é de criticar é o aproveitamento que se faz de determinadas conotações. A contestação social é até salutar, desde que as fronteiras da legalidade não sejam ultrapassadas. A manifestação e a greve são direitos garantidos na nossa Constituição e de qualquer Estado de Direito que se preze. Fala-se do 'timing' da greve geral. Que este não seria o momento para a convocar. Que se perde muito dinheiro com a greve. Que pode degenerar em tumultos. Alto e pára o baile! A greve é contra a austeridade. A austeridade está aí agora. É contra o desemprego, que também veio para ficar. Perde-se muito mais dinheiro com certas empresas públicas e negócios mais ou menos públicos. E se houver tumultos, os responsáveis serão punidos porque ainda não crescem bananas no nosso quintal. A falsa premissa do medo de tumultos, não pode ser usada como argumento contra o direito inalienável de manifestação ou de greve. Tal como os professores, apesar de há época não concordar com as suas reivindicações.
E por falar em Constituição, que dizer da medida aprovada na Assembleia Regional da Madeira, que permite que 1 deputado do PSD local possa votar por 25? Hum... Manifestação? Tumultos? Neste caso a desobediência civil podia ser necessária para repor a legalidade duma forma encapotada de ditadura. A nossa sorte é ainda termos um Tribunal Constitucional independente do poder político. Acho curioso, no entanto, que isto tenha passado ao de leve na vasta trupe de comentaristas e 'opinion makers'.
E por falar em Constituição, que dizer da mais que provável eliminação de alguns feriados? Bom... Se for nos feriados que está todo o mal da nossa economia, então a solução é acabar com todos. Se não está ou se acham que é só um bocadinho, então eliminem os católicos porque esses são inconstitucionais. Sim, a nossa Constituição diz que o Estado Português é um Estado laico, portanto acabem com a Páscoa que calha sempre ao Domingo, acabem com o Natal (perdoem-me a blasfémia) porque dia 24 de Dezembro há sempre tolerância de ponto e na sua génese está uma celebração pagã, e os residentes em Portugal (portugueses ou não) que não são católicos não têm direito aos feriados das suas crenças. Mas pelo amor da santa, não me tirem o 25 de Abril, nem o 1º de Maio ou o 5 de Outubro. Há coisas que devem ser relembradas, para não serem esquecidas...

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Proibido virar à esquerda

Em Espanha a direita está em estado de graça. Tal como cá, chegou ao poder com maioria, castigando a esquerda que lá esteve. Na Alemanha, na França e na Itália a direita sairá do poder assim que houver eleições. A não ser que se substituam os líderes por tecnocratas de cartilha e pasta na mão. Já aconteceu  na Itália. A crise agora também é da democracia.
A esquerda que estava no poder não soube atacar o problema da desregulação financeira, cozinhada desde os anos setenta. Não conseguiu enfrentar o poder económico instalado. Desistiu do contrato social em nome da especulação e da economia de casino, que substituiu a de mercado. Alavancados no eixo franco-alemão, a esquerda democrata soçobrou perante as exigências e a chantagem de quem verdadeiramente usa e abusa do poder político. E quando a direita populista está no poder e existe o perigo de ser substituída, encontra-se a tal solução de substituição tecnocrata, sem que o povo tenha direito a escolher o seu futuro. É que assim, estes 'encartados' vão poder assegurar que se paguem as dívidas, e já agora com juros a contento. O contribuinte é como o mexilhão, no fim é ele que se lixa. A esquerda tem que encontrar novas vias de se impor pelas ideias e sobretudo pela coragem de tomar medidas justas e equitativas, não desprezando o capital, mas não deixando que seja este a comandar as linhas de orientação da justiça e da igualdade. Se assim não suceder, o Povo não confia na esquerda. Os resultados estão à vista. A esquerda deixou-se adormecer e quando quis acordar já era tarde. Quando começou o ataque liberal, a única via foi aumentar a despesa e a resposta pôs em crise toda uma esquerda definhada, conformada e ultrapassada por uma agenda de ataque ao euro e à bolsa dos contribuintes. Não é por acaso que a agulha liberal tomou conta dos novos governos da Europa. A especulação e o capital de risco, comandados pelos mesmos gestores do Lehman Brothers e afins, influenciam assim com a sua 'mão invisível' os novos governos da direita liberal europeia. Os mesmos que coincidentemente, ou talvez não, foram os principais responsáveis pela crise internacional. Os mesmos que se apoderaram da banca e das famigeradas agências de rating. Veja-se a negociata que o nosso governo está a preparar com Angola para tomar conta do BCP.
Mário Soares disse recentemente que a democracia pode estar em causa. Assunção Esteves afirmou que é chegada a altura de o poder político assumir o papel central que perdeu para o poder económico. Ângela Merkel disse na semana passada que é necessário que a Europa reveja os seus Tratados com vista a uma real união económica. Será que finalmente se começam a despertar consciências?
No nosso burgo, Passos Coelho continua amarrado ao ideal que lhe venderam na feira da ladra, e depois de tentar despachar os 'imprestáveis'  Magalhães ao México e à Venezuela (sim, a do Chávez), tenta agora vender as nossas empresas a Angola. Se o nosso crédito é pouco, temo que se o ardil for para a frente, a nossa 'escassa' reputação não passará de um pântano onde se mergulha de tanga... A fama lamacenta de um país feito de capitais obscuros, mergulhará no lodo o resto da reputação que nos resta. Ao mesmo tempo, soube-se ontem que há um erro no Orçamento para 2012 e teremos que dar mais dinheiro à Madeira. O Alberto João veio ao Continente às compras e saiu com um vale postal de uma correcção nas contas e um brinde para poder gastar 3 milhões de euros em iluminações de Natal e queimar em fogo de artifício. Que linda é a Madeira!!!

Post Scriptum - Os 'Gatos Fedorentos' andam distraídos a embolsar uns milhares à pala da PT, e deixam para trás uma oportunidade única de fazer humor inteligente e histórico com fontes inesgotáveis todos os dias...

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

FMI

Em 1982!!!, era assim...





"o FMI é só um pretexto vosso, seus cabrões, o FMI não existe, o FMI nunca aterrou na Portela coisa nenhuma, o FMI é uma finta vossa para virem para aqui com esse paleio, rua, desandem daqui para fora" FMI, José Mário Branco


terça-feira, 15 de novembro de 2011

Vozes de burro não chegam ao céu

Manuel Pinho anunciou o fim da crise... depois desmentiu-se, simulou um par de cornos na AR e demitiu-se... é esta a história de um dos ex-Ministros da Economia em Portugal.
O Álvaro (como gosta de ser tratado), Ministro da Economia, dos Transportes, Obras públicas, Energia e Turismo, como só às segundas-feiras é que trata da economia, resolveu também ele anunciar o fim da crise para 2012, quando se sabe que vai ser o ano mais recessivo em Portugal desde que vivemos em democracia... Eu até percebo que ele se queira ver livre da economia, coitado, com tanto que fazer, a economia é mesmo uma chatice, uma pedra no sapato.
Seguindo os passos de Pinho também já se desmentiu... vamos ver se não troca o par de cornos de Pinho por um par de orelhas de burro e se põe de costas no fundo da sala, porque alguém que é Ministro de uma das mais importantes pastas dos tempos em que vivemos, numa das maiores crises nacionais e internacionais de sempre, num ano de cortes, desemprego e de recessão profunda, e que copia o mesmo erro colossal de um seu antecessor, ou é burro ou é incompetente... Seja como for, "Você é o elo mais fraco...Adeus!"


domingo, 13 de novembro de 2011

'Trust' é um fundo financeiro

Os liberais já não confiam nos 'amigos', nem neles próprios. Os europeus desconfiam uns dos outros e já se fala à boca cheia de exclusões mais ou menos autoinfligidas, e até de divisões por categorias 'cozinhadas' pelo eixo franco-alemão. Assim, como uma espécie de lª e 2ª divisões ao melhor estilo do 'futebolês'. Uma para os bem comportados, e outra para os mais fracos, sem recursos para poderem subir de divisão, que jogam em campos emprestados e austerizados pelos primo-divisionários, que se esquecem que precisam deles para enriquecer. Até os mercados obrigaram 'Il Cavalieri' a sair de cena. O patrão dos patrões, o populista, o mestre da propaganda. Com amigos destes...
'Eurobonds' ou a mera possibilidade de o BCE poder comprar dívida pública dos seus membros são soluções adiantadas por muitos como as mais razoáveis e eficazes medidas para salvar o euro. A França e a Alemanha não estão interessadas. Os outros deixam. Nós também...
Por cá a banca apanhou-se sem investidores e vai agora ser recapitalizada, através de uma entrada do Estado nos respectivos capitais, com a contrapartida de ter que pagar o que pedir no espaço de três anos, sob pena de ser nacionalizada parcialmente. É assim como que uma 'golden share' suspensiva, em que o Estado pode controlar como é gasto o dinheiro, nomeadamente, nas linhas de crédito para as PME's. O conceito é bom e poderá ser a forma mais eficaz de fiscalização e de assegurar que o Estado não empresta a fundo perdido o dinheiro dos contribuintes. É curioso no entanto, observar como o mesmo Governo que acabou com as 'golden shares', apesar de a isso não ser obrigado, agora, e porque não confia na banca, utiliza um expediente semelhante para a controlar. O mesmo Governo que quer vender o 'país' ao desbarato. O mais liberal de sempre. Curioso e muito irónico.
Passos Coelho falou num ajustamento da dívida... Possivelmente estender o prazo para mais um ou dois anos... Há seis meses era impensável, mas agora a realidade caiu~lhe em cima da cabeça. Bastou, contudo, Jean-Claude Juncker, presidente do Eurogrupo, aterrar em Lisboa na quarta-feira e dizer que Portugal não precisa de mais dinheiro, nem de qualquer reajustamento. Passos Coelho concordou de imediato, porque sabe que ninguém confia em nós.
Confiar é um verbo que não pode ser conjugado com mercado, ou com capital.
Ainda por cá, Miguel Relvas, andou três dias a entreter o menino de coro do PS (A. J. Seguro), com a hipotética almofada dos 900 milhões de euros, e com a esperança de poder devolver um subsídio aos funcionários públicos e aos reformados. Seguro devia ter votado contra o OE. Não por causa da travessura de Miguel Relvas, mas porque estas medidas e muitas outras não estão no memorando que o PS também assinou com a Troika. Porque este Orçamento é restritivo e vai destruir a nossa economia. Porque é injusto e ataca quem trabalha. Porque é irrealista e cego. Apesar de termos pouca margem de manobra, ela existe, como se viu com a Taxa Social Única. Confiou e foi enganado. Pena é que durante três dias houve alguma esperança para muita gente, que depois saiu frustrada. 'Trust' é um fundo financeiro e não passa disso mesmo. A confiança é uma coisa que não lhes assiste.


quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Anonymous

Os Indignados estão a organizar-se... Por essa Europa fora grupos de jovens ou nem tanto protestam contra a falta de emprego e sobretudo contra a falta de ética dos que governam e se governam... A má redistribuição da austeridade bem assim como a sua ascensão meteórica, numa espiral cíclica de recessão, austeridade, mais recessão, mais austeridade, que qualquer estudante mediano de economia percebe que é um fim em si mesmo. Uma austeridade que não serve para redistribuir riqueza, essa sim a verdadeira função dos impostos ou do seu eventual aumento, mas antes para recapitalizar a banca que andou décadas a burlar clientes e a vender empréstimos quase coagidos. Sem crescimento não haverá como pagar dívidas, até porque para este ano Portugal já vai ultrapassar os 100% de endividamento em relação ao PIB, ou seja, devendo mais que aquilo que conseguimos produzir, a austeridade recessiva cíclica levará a uma diminuição do que produzimos e consequentemente a um aumento da dívida. Alguém fez esta semana as contas e só em juros pagaremos 35 mil milhões de euros à Troika. Sempre foi um bom negócio emprestar dinheiro. Deixo só mais um alerta para o que se está a preparar nos bastidores no sector dos transportes, e que é uma privatização encapotada desses serviços públicos essenciais, em mais PPP's que irão beneficiar dois ou três grupos económicos e desfavorecer a todos no geral. Não sou só eu que o digo, o caminho que estamos a trilhar é um daqueles atalhos que só vão trazer trabalhos.
Voltando aos Indignados, apenas para dizer que apesar de não terem uma ideologia comum e linhas gerais universais (de esquerda maioritariamente), isso não pode ser uma causa de menosprezo, porque para além de serem cada vez mais, a sua luta encontra eco na maioria da população, inclusive nos EUA, coisa impensável há uns anos. Para já são pacíficos, e muitos grupos estão espalhados por fóruns na internet, mas alguns como os Anonymous, hackers que lutam pela liberdade de informação e de expressão, com grande intervenção na Primavera Árabe, são anárquicos e cada vez mais organizados... Há quem defenda que serão o próximo Wikileaks, numa escala maior e sem rostos visíveis, com todo o perigo  que daí pode advir, de consciências menos lúcidas ou mais intranquilas. Aliás, a máscara que se vai vendo por todas as manifestações e ocupações de praças, que é a da imagem, é inspirada no anárquico Guy Faukes, e celebrizada no filme V for Vendetta, que por sua vez se baseou na banda desenhada em que um misterioso anárquico tenta destruir o Estado fascista e totalitário ao estilo do de George Orwell em 1984.
Mas, quem não pode deixar de se indignar, ao olhar para o eixo imperial Franco-Alemão, ao assistir ao populismo e à manipulação de Berlusconi, à austeridade como um fim e não como um meio, ainda por cima mal distribuída, ao continuar do fartar-vilanagem nas empresas públicas e nas PPP's, ao assistir à desmontagem ao desbarato do Estado Social, quando o contrário é que seria exigível, ao empobrecimento e insegurança dos trabalhadores por conta de outrem e ao gozo da tolerância de ponto na Madeira e de uma suposta guerra de almofadas no Parlamento para capitalizar simpatias e votos.
Indignem-se pois anónimos...

domingo, 6 de novembro de 2011

Merkozy

"Manda quem paga", a frase de Manuela Ferreira Leite numa célebre sessão da AR nunca esteve tão actual como agora. A Europa que se queria unida foi dotada ao longo dos tempos de centros de decisão, com directivas supostamente comunitárias de integração imediata no ordenamento jurídico dos países membros. 
Parlamento Europeu, Comissão Europeia e Conselho Europeu foram substituídos pela dupla Merkozy, num golpe palaciano silencioso e consentido por todos.
Até rebentar a crise e o capital começar a arder, quais ratos de porão, as soluções convulsas e a conta-gotas adiaram e continuam a adiar a Europa. Sarkozy e Merkel pegaram nas rédeas e mandaram à fava Tratados e Acordos sempre a reboque e sempre calculistas. "Nós pagamos, portanto a democracia vai ter que esperar." É caso para trazer à liça mais uma célebre tirada da mesma Manuela, que apregoava a suspensão da democracia por seis meses. Quando é que o 'acto' de pagar passou a significar 'ditadura bipartida, camuflada de real interesse em resolver a crise?
Um pouco de história só para lembrar de que é estamos a falar. Falamos da Alemanha que só agora acabou de pagar a dívida da 1ª Guerra Mundial, com variados planos de empréstimos, diluídos no tempo, adiados, suspensos e perdoados em muitos milhões. Só do Plano Marshall receberam 1400 milhões de euros nos anos cinquenta. Inflacionando para os tempos de hoje, daria certamente umas dez vezes mais que a ajuda que falta à Grécia.  A Alemanha destruiu a Europa duas vezes no último século... A solidariedade e a ajuda não pode ter um só sentido... A falta de visão é só para fora, porque internamente, Merkel preocupa-se e muito com as eleições e com aquilo que pensam dela os seus contribuintes. Talvez por isso tenha somado derrota atrás de derrota nas eleições regionais.
A Europa nunca pensou a fundo o seu modelo, com uma moeda única sem a preocupação da igualdade fiscal entre membros e consequentemente sem os necessários instrumentos indispensáveis para a sustentar. Com uma relação de forças desequilibrada, instituições iníquas e a troca dos seus valores civilizacionais por uma visão globalizada e monetarista, vendendo-se aos chineses por um punhado de euros.
A crise na Europa é sistémica, endémica, de fraco crescimento, falta de solidariedade e sobretudo de liderança. Mas nem só a Alemanha  e a França são culpadas... Poucos haverão que não tenham a sua dose de culpa. A começar por nós próprios que nos deixamos mercantilizar, e vendemos os nossos valores pela melhor oferta.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Verdades inconvenientes

A verdade inconveniente é aquela que todos sabemos, ou pensamos que sabemos, mas ninguém tem coragem de dizer. Ou porque não queremos ferir susceptibilidades (como gosto desta expressão!), ou porque temos medo das consequências (principalmente se só nós é que sabemos a verdade) e daquilo que possam ficar a pensar sobre nós. Daí a verdade ser muitas vezes inconveniente. Hoje escrevo com a noção de que poderei ser inconveniente.
1- A esperteza saloia que Papandreou utilizou para agradar a gregos e troianos, é um erro brutal e suicida. É de uma irresponsabilidade sem precedentes. É pôr nas mãos dos gregos a decisão de empobrecer sustentadamente ou empobrecer até atingir o nível de um país africano de terceiro mundo. Papandreou lavou as mãos como Pilatos. Tem a virtude de enfrentar os gregos com a realidade. Mas fica a pergunta: porque não houve referendo aquando do primeiro pedido de ajuda externa e só aparece agora que ele é mais fundamental que nunca? A democracia não se compadece com a escolha dos momentos mais oportunos. É que se a Grécia disser que não à pergunta não deixa de ficar a dever dinheiro. Muito pelo contrário. A falência ficará garantida. E a democracia será garantida após isso?
2- Os EUA são chantagistas e anti-democratas. A visão de povo humanitário esfumou-se com Bush e foi banida dos anais da história com o 'flop' Obama. A decisão de cortar o financiamento que davam à UNESCO apenas porque 107 países votaram a favor da entrada como membro nesse organismo da Autoridade Palestiniana, contra apenas 14 votos contra, é um acto chantagista e anti-democrata. Mas não se coibiram através da NATO de financiar a guerra contra Kadhafi, de quem eram amigos, inimigos, amigos, etc., consoante mudava de mãos o poder sobre o ouro negro. Eles e nós que também fazemos parte dessa corja.
3- Kadhafi morreu como matou. Mas a linha que separa quem mata e quem morre está na diferença como mata. O povo líbio não fez justiça a si próprio. A sua libertação não devia ter ficado manchada como ficou. O resto é mais pacífico. Seja em democracia ou em tirania, EUA, Inglaterra e França assegurarão com certeza os seus interesses, e o povo líbio logo se verá. Afinal Kadhafi também foi amigo muito tempo. A prova ficou em muitos bancos por essa Europa fora, incluindo o nosso banco público. Milhões roubados ao povo líbio com a cobertura dos agiotas do costume.
4- Paulo Portas é para mim o melhor ministro deste governo. (ponto!) Gostava de saber o que pensam os arautos da verdade, os defensores da honestidade sobre o facto de o nosso MNE andar a vender computadores Magalhães ao Hugo Chávez. Basta enviarem-me o que escreveram ou disseram quando era Sócrates a fazê-lo. Depois eu julgo a coerência...
5- A igreja veio criticar a cópia portuguesa do 'Código Da Vinci' de Dan Brown, escrita por José Rodrigues dos Santos. Tirando o pormenor de alguma falta de originalidade do autor português, existirá ainda alguém com dois dedos de testa e menos de 60 anos, que acredite em todas!? as patranhas que a igreja nos quer impingir? Mesmo depois de séculos de desmentidos, de escândalos e de mortes em nome da cruz de Cristo?

Espero ter sido muito inconveniente...